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quarta-feira, 14 de março de 2012

SOCIOLOGIA 2°ano: NORBERT ELIAS E A IDÉIA DE CIVILIZAÇÃO



Norbert Elias foi um sociólogo alemão.
De família judaica, teve de fugir da Alemanha nazista exilando-se em 1933 na França antes de se estabelecer na Inglaterra onde passará grande parte de sua carreira. Todavia, seus trabalhos em alemão tardaram a ser reconhecidos e ele viveu de forma precária em Londres antes de obter em 1954 um posto de professor na Universidade de Leicester.
Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova geração de teóricos nos anos setenta, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos de todos os tempos.
Civilização é um dos conceitos-chave para a compreensão do pensamento eliasiano.
Embora seja apropriação de um “termo nativo” (utilizado na França e na Inglaterra, a partir do século XVI, principalmente) e implique uma realidade específica, empiricamente observável, tal idéia é também uma abstração teórica, um modelo de interpretação da história e da sociedade. Entendida como um processo e constituída a partir de uma rede de interdependência funcional (ELIAS, 1994b), a idéia de civilização se apresenta ao pesquisador social como um interessante instrumento teórico na medida em que convoca a atenção para os detalhes da vida cotidiana numa perspectiva de mudança social.
Nesse sentido, proponho uma reflexão acerca das possíveis relações entre o conceito de civilização, na perspectiva de Norbert Elias, e os ritos e costumes que envolvem as práticas alimentares em um ambiente específico de socialização: o restaurante. Direciono a atenção, fundamentalmente, aos restaurantes cearenses Chica Sinhá e Lá na Roça 1 , especializados na chamada “cozinha regional”. Através da observação do cotidiano desses espaços de consumo alimentar e da análise do material publicitário por eles oferecido, busco entender como a noção de civilidade aparece nas formas de comportamento à mesa e nas relações sociais que se configuram nesse tipo particular de estabelecimento comercial. Todavia, antes de passarmos à análise dos restaurantes, propriamente, convém pensarmos, de modo mais detido, na transformação da idéia nativa de civilização em uma ferramenta analítica do social, a fim de compreendermos melhor seu contexto de formação e seu alcance teórico.
Para Elias, o conceito de civilização expressa uma cadeia de lentas transformações dos padrões sociais de auto-regulação (2006: 53). Trata-se, essencialmente, de um processo de longa duração – o processo civilizador – que caminha “rumo a uma direção muito específica” (ELIAS, 1993: 193), não de forma linear e evolutiva, mais de modo contínuo, com impulsos e contra-impulsos alternados.

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